FALLING INTO YOU
EPISÓDIO 1
LISBOA.
Era segunda-feira de manhã e o ambiente estava
caótico na OnFilms. Naquele dia
acontecia a estreia do primeiro grande formato de entretenimento produzido por
Ricardo e Mariana. Tratava-se de um talk-show diário, com a apresentação de Rui
Maria Pêgo. Passavam poucos minutos das 9h00 e Ricardo estava agora na régie ao lado da colega.
- O programa fecha com a atuação do Carreira –
revelou Mariana, enquanto bebia um gole de café.
- O que eu tenho de aturar… Não tinham convidado
musical melhor para o programa de estreia? – acrescentou Ricardo, enquanto
revia o alinhamento.
– Oh querido, pensa positivo… Pelo menos tens um
David Carreira na sua melhor condição física para poderes apreciar ao longo de
toda a emissão. Aqueles músculos, aqueles abdominais…
Ricardo pegou na sua chávena de café e levantou-se,
dirigindo-se em direção ao lado oposto da sala.
- Já devias saber que não gosto de misturar
trabalho com prazer – acrescentou o rapaz. Mariana olhou para ele com ar de
reprovação. - É verdade! O Manel também me dizia o mesmo…
****
LONDRES.
Manuel saiu de casa um pouco depois das 9h30. Devia
ter entrado às 9h, mas não conseguiu. Na verdade, agora que se encontrava
sentado no Metro, nem sequer pensava em ir à empresa. A noite começara com um
simples jantar entre colegas e acabava numa tórrida noite de sexo com um deles.
Manuel tinha traído Ricardo. Era esta a ideia que não lhe saía da cabeça. E o
pior é que o sexo tinha sido intensamente bom. Marcelo era seu colega de
trabalho há dois meses e desde que o conhecera a atração física mútua era
inegável. Contudo, nunca pensou que se viesse a envolver com ele. Já tinha
reparado no corpo musculado e bronzeado do seu amigo brasileiro, um verdadeiro
oásis no meio de um deserto repleto de homens ingleses. Não é que não fossem
bonitos, mas para Manuel um homem bronzeado e tipicamente latino era muito mais
atraente.
“Foi a melhor transa da minha vida, temos que
repetir, cabrãozinho”, disse Marcelo, no final do ato, de uma forma
completamente excitante. Depois de ser penetrado por Marcelo e de ter sentido o
seu esperma invadir todo o corpo, deixaram-se ficar naquela posição durante
vários minutos, em conchinha, completamente nus, com o pénis de Marcelo
encostado ao rabo de Manuel. Tinha sentido o seu pau volumoso na boca. Tinha
sentido o seu corpo suado a tocar-lhe na pele. Até o cheiro a suor do amigo
brasileiro o excitara.
Naquele momento, Manuel não pensava em mais nada,
apenas naquela foda magnífica que tinham vivido. Do suor, dos cheiros, da ação,
dos beijos, dos toques, das carícias, das frases, do tom agressivo e ao mesmo
tempo carinhoso de Marcelo. Não fazia sexo com ninguém há vários meses, desde
que tinha vindo viver para Londres. Gostava de Ricardo, amava-o como ninguém. E
agora, cinco horas depois daquele momento com Marcelo, Manuel continuava
excitado com tudo o que tinha acontecido na noite anterior, mas não conseguia
deixar de pensar em Ricardo. O que iria dizer ao namorado?
****
– O Manel? Vais mesmo querer falar nisso? – disse
Mariana, rindo-se. - O Manel faz tanta falta na tua vida como uma aula de zumba
na minha!
– Mas olha que até danças bem!
– Cala-te…! Tens falado com ele?
– Tenho… E estou a ficar cada vez mais encurralado.
– Tens noção que ele me continua a perguntar por
ti… Com quem andas… O que fazes…
– E tens noção que isso ainda me deixa mais
ansioso? Às tantas acho que eu é que sou um monstro insensível e que nem sequer
devia continuar com esta relação – disse Ricardo, olhando para a foto de Manel
que ocupava o seu ambiente de trabalho no computador.
– Ora, isso foi o que eu sempre te disse.
Teresa, a rececionista, entrou na sala, sem bater à
porta.
– Meninos, está lá fora o novo estagiário – avisou.
– Boa! Quem é que o escolheu? – perguntou Ricardo.
– Fui eu – disse Mariana. - Tu vais adorá-lo –
concluiu Mariana, tocando no peito de Ricardo.
****
Quando Ricardo chegou à receção da produtora, Pedro
estava sentado, observando a azáfama que já se vivia por ali, apesar de ainda
ser cedo. Era um rapaz jovem, mas bem constituído, musculado (realçando isso
mesmo com a sua t-shirt justa que trazia vestida). Ricardo dirigiu-se até
Pedro, que se levantou. Cumprimentaram-se com um aperto de mão.
- Prazer em conhecer-te, Pedro. Sê bem-vindo à
nossa produtora.
- Obrigado. Espero que me dê bem por aqui.
- Tenho a certeza que sim. Mas prepara-te para
começares já com muito trabalho!
- Pois, eu sei. A sua colega…
- A ‘tua’ colega… - disse Ricardo, sorrindo.
- Ou isso, a tua colega Mariana já me explicou
tudo.
Foram os dois até ao escritório do diretor de
produção. Estavam a ultimar os pormenores sobre o estágio de Pedro. Enquanto
Ricardo falava, Pedro reparou na foto do seu computador.
- Quem é? – perguntou.
Rapidamente percebeu que não deveria tê-lo feito.
- Desculpa, não queria intrometer-me…
- Não tem mal... Esse é o Manel. É meu namorado.
Pedro percebeu, na forma amarga como Ricardo se
referiu a Manuel, que algo se passava. Mas mais do que isso, confirmou aquilo
que o olhar indiscreto de Ricardo lhe tinha contado: ele era gay ou bissexual.
****
Passaram algumas horas. Pedro estava sozinho à
entrada da produtora a fumar, num momento de pausa. Lá fora chuviscava e ele
estava abrigado debaixo do alpendre, à entrada. Estava a pensar nos próximos
tempos que se aproximavam. Aquele estágio era tudo o que sempre sonhara. Tinha
que dar tudo por tudo para que ao fim dos 2 meses ficasse a trabalhar
definitivamente na produtora. Ou pelo menos que conseguisse o estágio
profissional. Já tinha pensado que estaria disposto a tudo, até a usar os seus
melhores atributos. Sabia que naquele mundo, ser bom não bastava. Era preciso cunhas,
conhecimentos…
Apesar de ter apenas 23 anos, sempre parecera um
pouco mais velho. Era um rapaz bastante cuidadoso com a imagem. Pensara que
talvez pudesse atrair a sua chefe ou uma das responsáveis do canal. Trair a
namorada, Mónica, que ficara no Porto, não seria nada de especial. Mas agora
percebera que o seu verdadeiro alvo era Ricardo. Pedro não era gay, nem sequer
bissexual. Mas não seria nada demais para si envolver-se com Ricardo para
garantir um emprego. Aliás, já imaginava de que forma o iria abordar, como iria
pô-lo a fazer-lhe um broche ou como iriam bater uma punheta em conjunto.
- Mónica, não faças um drama! – advertiu Pedro,
ainda que num tom baixo para que ninguém
ouvisse. Estava há mais de 10 minutos a falar com a namorada ao telemóvel - Tenho
de agarrar o meu trabalho com todas as forças. Já te tinha explicado que isto
está em primeiro lugar. A pessoa que me está a chefiar está claramente
interessada em mim e eu não vou deixar escapar isso. Vou fazer de tudo para conquista-la.
A questão é: ou aceitas que eu o faça e deixas-me viver a vida durante 9 meses
sem justificações ou acabamos tudo e cada um segue a sua vida. O que queres?
Enquanto Pedro dizia aquilo à namorada por
telefone, uma pessoa ouvia a conversa sem este saber. Estava chocada com o que
ouvia. Como era possível um miúdo fazer aquilo à namorada? E obviamente que ele
estava a falar de Ricardo! Tudo lhe parecia irreal, mas uma coisa era certa:
Mariana, que acabara de ouvir tudo, não iria deixar que Pedro enganasse
Ricardo. A guerra começava nesse momento.
Gostei... é para continuar xDD
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